Pausa Bíblica nas Escolas é Foco de Parlamentares Evangélicos

Pausa Bíblica nas Escolas é Foco de Parlamentares Evangélicos

Controvérsia sobre Intervalos Bíblicos nas Escolas de Pernambuco

Por Danilo Queiroz — Agência Pública

Os intervalos bíblicos em escolas de Pernambuco tornaram-se alvo de um intenso debate legislativo, impulsionado por parlamentares evangélicos e cristãos conservadores. Essa discussão vem ganhando força desde que a Secretaria de Educação (SEE-PE), o Sindicato dos Trabalhadores da Educação de Pernambuco (Sintepe) e o Ministério Público do Estado (MPPE) começaram a questionar a prática desses cultos.

Denúncias e Projetos de Lei

Denúncias indicam que esses encontros, geralmente de participação voluntária, teriam se tornado obrigatórios em algumas escolas, com falta de espaço para outras religiões. Pelo menos dois projetos de lei tramitam na Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe) e dois na Câmara dos Deputados, defendendo os intervalos bíblicos.

Em 11 de novembro, o deputado estadual Joel da Harpa (PL) promoveu uma audiência pública na Alepe sobre o tema, que também é amplamente discutido nas redes sociais por parlamentares conservadores. Joel da Harpa questionou: “Por que a perseguição contra os intervalos bíblicos, se eles conseguem tirar os jovens das drogas e da prostituição?”

Reações e Procedimentos Legais

As investigações sobre o ensino religioso e a laicidade escolar foram iniciadas pelo MPPE em abril. Ivete de Oliveira, presidente do Sintepe, relatou denúncias sobre cultos evangélicos em escolas estaduais, sem a participação de outras crenças. Uma nota do MPPE afirma que essas atividades ocorrem sem supervisão adequada.

O Sintepe, após solicitação do MPPE, começou a agrupar essas denúncias. Em resposta, o deputado Abimael Santos (PL) propôs um projeto de lei que prevê sanções para quem inibir a liberdade religiosa, incluindo intervalos bíblicos.

Debates e Intervenções

Em setembro, uma reunião entre o MPPE, a Secretaria de Educação e o Sintepe decidiu agrupar denúncias sobre encontros religiosos nas escolas. Em outubro, a Anajure (Associação Nacional de Juristas Evangélicos) pediu informações ao MPPE sobre o procedimento administrativo em curso.

Uma audiência pública marcada para 27 de novembro no Colégio Católico Salesiano de Recife foi cancelada devido à superlotação, após tumulto envolvendo a presidenta do Sintepe, Ivete de Oliveira, que relatava discriminação religiosa.

Propostas Legislativas e Mobilização Política

Vereadora Missionária Michele Collins (PP) apresentou projetos de lei que asseguram ritos religiosos voluntários em escolas e preveem multas para instituições que os impedirem. Os projetos de Collins estão em tramitação na Comissão de Educação em Brasília.

Desde novembro, Clarissa Tércio e Júnior Tércio têm acompanhado atividades de intervalos bíblicos em escolas da Região Metropolitana do Recife, promovendo a participação de adolescentes evangélicos em programas de rádio evangélicas.

Controvérsias e Discursos nas Redes Sociais

Joel da Harpa, em defesa dos intervalos bíblicos, tem publicado conteúdos polêmicos no Instagram. Verificações de fatos desmentiram alegações de proibições dos intervalos. Estudantes criaram a conta Juntos pelo IB no Instagram para relatar experiências, conquistando mais de 17 mil assinaturas em defesa da liberdade religiosa.

Pastor Teo Hayashi, da igreja Zion Recife, também mobiliza o tema, acusando o Sintepe de perseguição cristã. Ele incentiva jovens evangélicos a ocuparem espaços na sociedade.

Educação: Alvo de Ofensiva Conservadora

Magali Cunha, do Coletivo Bereia, destaca que a educação se tornou um foco de ofensiva conservadora, com projetos de lei de católicos e evangélicos ganhando destaque.

Casos de Discriminação Religiosa

O Sintepe recebeu relatos de proibição de práticas religiosas diferentes, como o candomblé, em algumas escolas. Professores relataram discriminação contra estudantes de religiões afro-brasileiras e resistência a aulas de cultura negra.

Contatadas, as direções das escolas mencionadas não responderam até o momento da publicação.

Fonte: https://iclnoticias.com.br/intervalos-biblicos-em-escolas/

Portal RJ Noticias

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